sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Mother Earth



Mother Earth

Dia de sol

Me sinto tão bem. Este é meu pedaço de paraíso, meu lugar sagrado, onde conecto-me as minhas proprias forças, sem embaraços.

Desfruto tudo o que posso neste hiato do tempo, destes meus filhos devotados, respeitosos de meus desejos e necessidades. Aqui eu posso contatar-me com as estrelas, aqui sou filha do Vento e da Lua, sou súdita do Sol e realizo minha humilde trajetória a seu redor, como deve ser.

Aqui minha face apresenta canyons, vales, grandes e caudalosos rios e de um litoral a outro a grande extensão deste solo é habitada por diversos seres vivos, animais e vegetais. Eu me regozijo neles. Trocamos energia da forma mais íntima e assim me fortaleço para conseguir interagir com boa desenvoltura em outras paragens mais conturbadas.

Aqui, meus filhos, humanos que são, também lutam, disputam, amam, sofrem mas jamais desrespeitam meu nome ou mesmo esquecem-se do que os mantém vivos: a minha mão. Os meus suspiros que são brisas a alentar o bravo exaurido... O meu calor a acariciar-lhes os pés doloridos... O meu sustento oferecido em sacrifício vegetal e animal... As minhas fontes de água pura que lhes hidratam o viver...

Mas eu sei que vai anoitecer neste meu santuário, a hora se aproxima. Estremeço. Peço a meu Pai Sol, Soberano deste lugar sagrado que envie sua firmeza e coragem através de seu reflexo na Lua, e esta, sábia anciã, vigie meus filhos amados a caminhar pela noite dos tempos...



Aquele que não estiver pronto para enfrentar a morte no final de sua vida, não estará em paz quando a noite cair.
(Índios da Tribo Chippewa, do Lago Huron)



A noite

A noite chegou em embarcações que singraram, corajosos, meus mares turbulentos. Vieram do Leste, decididas a escurecer com o peso de seus fardos, a atmosfera deste pedaço do paraíso. E espalharam sangue, sem consagração. E rezaram aos céus, sem paixão. E tomaram à força cada centímetro deste chão. De suas próprias desolações engendraram dramas, intrigas, guerras...

Os filhos legítimos daqui, animais, humanos, vegetais e minerais... Todos foram usurpados, corrompidos, testados à exaustão em suas integridades. Amparados pela força e firmeza dos invisíveis elementos irmãos, os ditos ameríndios, mantiveram-se vivos.

De alguma forma tentaram ajudar a seus invasores, tentaram delimitar seus limites, tentaram mostrar seus conhecimentos. Eles sabiam que ao transpor a noite, a madrugada faz-se fria, antecedendo a um novo amanhecer... E por isso perseveraram a esperar.

Dos enredos quentes, a ferro e fogo cruzados por este extenso território, rumo ao Oeste, muita coisa posso contar. Está registrado em minha memória, a passagem ebuliente desta noite em pele branca, deste desterro em solo próprio. Mas prefiro abraçar estes fatos com meu manto de amor e compaixão... Entoando uma canção de ninar.




O sagrado tambor irá novamente fazer ouvir sua voz.

(Extrato da Profecia dos Sete Fogos dos Anishnabés)


Madrugada fria

Antes do amanhecer o tambor soou, despertando os filhos desta terra. Hoje estão espalhados pelo globo, mas mantém a sua terra do Sol entranhada em seus corações. Enquanto meus filhos brancos dormem, os vermelhos dançam ao pé do fogo e conversam com as estrelas, seus guias...

A Estrada Vermelha Sagrada está novamente visível, é madrugada e faz frio. Mas as luzes do alvorecer iluminam de forma incisiva, há muitos trilhando meu Caminho, em direção à Paz de um Novo Tempo.

Quando então, eu poderei suspirar e sorrir novamente.. E serei plenamente um Todo Paradisíaco.



É tempo dos Índios dizerem ao mundo o que sabem sobre Deus e a Natureza. Então vou lhe dizer o que sei e quem sou. Vcs devem ouvir, pois têm muito a aprender.
(Mathew King, Yribo Lakota)

ANORKINDA

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