domingo, 3 de abril de 2011

CONTO TransMutação


Uhúu!
Hoje deparei-me com a surpresa de alcançar o 2º lugar no Concurso da comunidade http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=16099875 .

Eu não esperava e estou super-feliz, os guris de lá me incentivam um tantão! Valeus!! \o/


TransMutação

"Conseguimos escapar da fúria do tempo."
Esta frase ainda ecoa em mim a cada respiração que dou hoje em dia, nesta minha nova vida. Ah... Como foi nada fácil chegar até aqui!

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Decidida marquei no calendário o dia em que se iniciaria minha mudança. Eu sabia que era um pequeníssimo passo, embora eu não fizesse ideia das agruras que adviriam dali por diante.
Mas segui, decidida. Decisão era meu lema. Da mudança eu não desistiria. Eu já tinha visto seres transformados, que não temeram a mutação. Eu sabia que podia.

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Batiam os sinos das dezoito horas na pequena igreja católica do bairro... Foi a primeira vez que os vi. Eram dois... Seres humanos? Não saberia definir. Eram lindos, translúcidos e sorriam em paz. Eu invejei aquela paz. Homem e mulher? Não saberia definir. Eram plenos, completos e falavam com o olhar. Eu não entendi aquela linguagem.
Outras pessoas também viram esta manifestação da beleza, mas correram, fugiram, gritaram... Eu fiquei, foquei e desejei. Decidi ser igual a eles.

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- Quando este processo terá fim? Perguntava-me desesperada depois de longos e difíceis anos de trabalho dedicado. Já me era impossível discernir se eu estava no caminho certo. O que me parecera a direção certa, já me enchia de dúvidas. E se eu errar? No que irei me transformar? Ou pior,se eu continuar igual?
Não poderia ser maior a tortura de permanecer humana, limitada ao tempo. Este cruel vilão que nós mesmos criamos e tomou o poder sobre nós!

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Um jardim agradável, flores e insetos e pássaros conversavam entre si, amavelmente... A harmonia se sentia como brisa a tocar-nos a face. Eu já conhecia bem este lugar. Era aqui que eu me refugiava em meus estados de meditação. Mas hoje eu o vejo num esplendor maior!
Meus novos sentidos me dão uma dimensão maior das cores, das sensações emitidas pela flor que desabrocha... Da alegria das borboletas em seu voo de celebração à vida...
E eu sorrio em paz. Comunico-me com o olhar...

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Foi assustador aquele domingo, que parecia ser mais um domingo banal... Eu já me acostumara aos processos da mutação. Aos dias de prostração e desânimo, às dores de cabeça e na coluna... Eu estava ambientada inclusive ao acoplamento, em mim, de emoções alheias, de sentir o que outros sentiam, de emocionar-me com que a outros emocionavam...
Mas desvencilhar-me de meu corpo físico, pele, ossos, pelos, carne... foi um choque. Saber o que vai acontecer é muito diverso de ver acontecer. O curioso foi não sentir dor alguma, apenas a conhecida sensação de que algo meu, algo que me identifica,está desaparecendo... Isto aconteceu com todas as outras transformações prévias, mas perder o próprio corpo físico... Eu pensei que estava preparada!
Foram momentos de terror. Momentos. Pois foi rápido. Sutilizaram-se as células, átomos, o DNA estava transmutado.
Eu olhei-me com o mesmo pavor que vi naquelas primeiras pessoas que avistaram os seres translúcidos. Quis correr, mas eu não poderia fugir de mim.

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"Precisamos escapar da fúria do tempo"
Hoje sei que foi isso o que disseram aqueles seres plenos que falavam com o olhar. Agora eu olho pra vocês... Irão ficar ou fugir?

Anorkinda


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