terça-feira, 3 de agosto de 2010

Eu, no DIVÃ!


Mais respostinhas minhas:


Outras perguntas de CAMÉLIA LA BRANCA


11- Quais as coisas que mais te inspira em poesias?


Gosto do lirismo na poesia, principalmente. Isso me inspira! Ler e flutuar em encanto.
Quando a leitura é música, quando as palavras harmonizam em ritmo e som e me fazem ver imagens bucólicas.
É como se eu entrasse numa dimensão poética, cheia de versos...e isso me inspira a escrever. Por vezes não é um poema que me põe nesse estado, mas pinturas, como as de Josephine Wall...é como estar em outro mundo...o meu mundo.


12 - Você tem algo contra os versos rimados e metrificados?

Não milito CONTRA nada. O ser humano, tão versátil e diverso tem o direito de escolher o que quer. Claro que também na poesia, o poeta escolhe o que bem entende!

EU escolho não metrificar. E só. Admiro e tenho muitos amigos que metrificam. Embora eu seja sincera e lhes diga: - prefiro o teu poema como ele era antes de vc amarrá-lo na métrica. É o meu gosto, a minha escolha.

Eu faço muitos poemas MOSQUETEIROS, como eu chamo... falando mal mesmo da métrica. E quero aproveitar esta oportunidade para expor aqui minhas explicações e que ninguém fique ofendido com estes poemas, por favor!


Primeiro, leiam isso:

Na Grécia antiga o poema foi a forma predominante de literatura. Os três gêneros (lírico, dramático e épico) eram escritos em forma de poesia. A narrativa, entretanto, foi tomando importância, ficando a poesia mais relacionada com o gênero lírico. Ainda hoje é feita esta associação entre poema, sentimentos e rimas.

A poesia tinha uma forma fixa: seus versos eram metrificados, isto é, observavam os acentos, a contagem silábica, o ritmo e as rimas. A contagem silábica dos versos foi sempre muito valorizada até o início do século XX quando a obra que não se encaixasse nas normas de metrificação não era considerada poesia. Isto mudou com a influência do Modernismo- movimento cultural, surgido na Europa que buscava ruptura com o classicismo. Atualmente o ritmo dos versos foi liberado e temos os chamados "versos livres" que não seguem nenhuma métrica.

Este resumo histórico mostra bem o seguinte: Até o século XIX(19) apenas a métrica era considerada poesia. Amores! Estamos no século XXI (21) É TEMPO NÉ...!!!
É tempo de verificarmos que existe novidades no ar, novidades de 100 anos! Bebezinhas! rsrsrsrsrs

Peço que percebam que todo lirismo, todo verso , é POESIA!

O que vi ao começar a interagir com os poetas de internet é que muitos se sentem absolutamente INFERIORES a quem metrifica. Eles não valorizam suas inspirações, seu próprio dom. Culpa deles que não nasceram no séc XlX!!! Culpa deles que escrevem na linguagem do seu tempo. Culpa deles que se fazem entender pelos leitores do séc XXl!!
Daí eu me revolto mesmo!

E pretendo de forma bem-humorada, menosprezar mesmo o rebuscamento da poesia. Quem sabe no humor, na piada, no verso relaxado, eu consiga acender uma fagulinhas de amor-própio nestes poetas? (Acabo me ajudando tb em momentos de insegurança!)

E não faço de caso pensado, faço na inspiração, no impulso! Como eu digo, a poesia fala por si e me usa!


Continuação da perguntinha da Camélia...sobre as RIMAS!

Dentre as minhas escolhas, escolhi as rimas... não! A rima me escolheu!
Gente, eu penso em rimas! Falo em rimas, muitas respostas aqui rimaram...quando converso na internet, rimo...Quando penso com meus botões, rimo...
Não quero ser totalmente LIVRE! rsrsrs

Faz parte do meu amor pelas palavras

Alguém já me falou sobre essa questão e daí nasceu este poema:

PENSO EM RIMAS

Penso muito
e quando penso
a rima vem

Nada me socorre
então ela escorre
no papel virtual

ou nas folhas
do caderno
moderno

Penso em rimas
e não convém
que as evite

ou a poesia
fica de mal
e vai embora

Anorkinda


As perguntas de Amélia Veloso de Morais!

13- Saudades dá panos pra manga na poesia?


Oxi, se dá! Mesmo eu não gostando de falar de tristezas, mesmo eu nunca ter a prática de querer reviver o passado, nem fico suspirando pelos tempos idos...
Mesmo assim, volta e meia a poesia diz: Saudade...e lá vamu nós falar dela!

Certa vez fiz este poema:


SAUDOSISMO

Saudosismo
não me leva
curti o que passou
lá atrás ficou

Saudosismo
é nostalgia
que nada traz
de volta, nem a paz

Saudosismo
é um dos muitos
ismos que vamos abolir
versando apenas pra divertir!

Anorkinda


Acho que tem mesmo uma diferença entre versar sobre SAUDADE e SAUDOSISMO...não quero de volta o que se passou, não quero ser jovem novamente, não quero os amores velhos, quero olhar pra frente...e volta e meia traduzir um aperto ou outro que teima em sair pelos versos.


como este poema aqui:

DIAS FRIOS, ESCUROS, CHUVOSOS E TRISTES

Antigas minúcias emergiram em imagens
eram os detalhes das tardes tediosas
de uma infância banal e dengosa

Dias frios, escuros, chuvosos e tristes
na televisão, filmes sem sal
e no papel, frases sem final

Umidade no ar e um cinza vazio
coloria de insatisfação o lugar
e a mãe em companhia ímpar

Lembranças e saudades a voar

Anorkinda


São lembranças, entende?
rsrsrs


14- Sobre o que você mais gosta de versar?

Essa é difícil hein!! Eu escrevo sobre tudo!! E gosto, claro!!

Então tive que pensar bastante...hehehe

Nas fases em que estou bastante esotérica, centrada, em meditações sinto um prazer profundo em escrever os poemas Esotéricos, Xamânicos e sobre os Elementais...é uma emoção muito grande e boa!

Mas se for colocar na balança os momentos em que me divirto escrevendo poemas, é quando invento historinhas, seja infantil ou não.
Quando tem um personagem engraçado, surreal, enfim, peripécias!
É o que mais gosto!

Gostei muito de fazer os MOSQUETEIROS, pois personifico o abstrato...gosto mesmo! viajo!


15- Poesia, pra você, é muito mais suor que inspiração?

Não, Amélia! É inspiração!
Por vezes, suo... mas evito...kkk Preguiça!

Mas é como falei antes, procuro entrar numa dimensão poética, um estado de relaxamento e orbito em meio as palavras que desejam plasmar-se em poesia...

nossa! kkk mas é!

Mas... claro que faço isso, atenta em escrever certo, gramaticalmente, ortograficamente, coerentemente, enfim... essas informações que em questão de segundos vai delineando o poema. Depois reviso. Mas é raro o dia em que mudo alguma coisa no poema pronto.
As vezes troco estrofes de lugar...mas é raro.

Uma ou outra vez precisei suar mais, não sei por qual estímulo me imponho falar de algo ou escrever em certo estilo e então a inspiração não flui em voo livre e passo um certo trabalho. Escrever PROSA pra mim é esse trabalho, é sempre suado.

Os rondeis, então! Um quebra-cabeça, por isso só tenho dois! kkk Eu tinha mais alguns, foram perdidos, é possível q estejam em algum caderninho...mas eu não confiava neles, acho q não os transcrevi no papel.

O livro que estou tentando lançar agora foi todinho SUOR!! Exceto o primeiro poema que me inspirou a desenvolver o restante. É uma historia e encaixei os poemas todos no contexto, no que eu queria contar, no universo Wicca, precisei estudar pra não falar muita bobagem, enfim...foi trabalhoso, mas gostoso!

Estou tentando destacar os 'suores' porque realmente a grande maioria dos meus poemas foram inspiração leve e flutuante...hehehe


16- Você disse que gosta da solidão... pode explicar?

Ah...essa questão é mais fácil!
Gosto de ficar sozinha...punto e basta!...kkkkk

AMO ficar sozinha, AMO falar sozinha, AMO cantar sozinha, AMO passar o dia sozinha!

Nunca tive muitos amigos, ao contrário do universo virtual de hoje, onde me vejo cercada! Mas sempre tive pessoas que me admiram, que me dão carinho e apoio, eu nem entendia porquê, mas sempre fui cercada de pessoas que gostavam de mim.
Eu é que não correspondia por gostar tanto de ficar sozinha. E as pessoas respeitavam isso e nunca se ofenderam com isso...ao menos não fiquei sabendo! kkkkkk

Obviamente, equilibradamente, gosto de sair, conversar, fazer visitas, mas breves, pq a vontade de voltar pro ninho grita logo! Gosto muito do silêncio...então se saio com alguém, é necessário que esse alguém seja capaz de suportar algumas horas de silêncio....kkkkkk Eu acho tão bom não ter a necessidade, a ansiedade maluca de falar e falar sem parar...
Sempre tive companhias que falam demais. Como pai, marido, filha, primo, avó, tia ... então deixo eles falando... e abstraio! Isso incentiva mais o me silêncio...hehehehe

Uma amiga uma vez definiu...
- A Neide não é tímida, ela tem preguiça de falar!


Por isso digo que gosto da solidão...porque realmente nunca me senti sozinha!
(salvo interiormente, aquela sensação de estar sozinha num mundo que não é seu e que ninguém te entende realmente...mas este sentimento é outro assunto...muito mais esotérico do que social...)


17- Além de poetar, que mais você gosta de fazer?

Ó...chegou a hora de continuar com o desfile dos meus prazeres...hhehehe


Música! Já falei da MPB e do samba...mas gosto de rock também..vivi intensamente os anos 80, não da maneira 'novelesca' q vcs acabaram de imaginar ae....kkk mas vivi muitas coisas diversas e intensas pois adolescência é sinônimo de intensidade, ou não é?
E a música sempre me acompanhando... é outra necessidade minha.
E ouço e canto e danço é um desengonço fenomenal! Meus filhos se divertem!

Falando em filhos, adoro crianças! Minha filha foi quem definiu...eu trabalhei em Escolinha (creche) porque EU queria brincar! E brinquei muito mesmo! Dançava Xuxa para baixinhos animadamente...kkkkkk Meus filhos estão grandes, minha família está sem crianças, isso é muito triste pra mim...ando melancólica!

Desenho e artesanato! Gosto de copiar desenhos a olho...existe isso? kkkkkk eu olho e copio, maior ou menor... comecei naquele tempo de preencher caderninhos de atividades pras crianças... não sei desenhar nada, só copiar. E artesanato se resume em aproveitamento de material q ia pro lixo! Fiz quadrinhos, potes para bebê, e muito material e joguinhos para o magistério...adoro fazer...usar a criatividade.
Minha casa transformou-se em depósito de sucata e comecei a não fazer tanto artesanato quanto recolhia material, então a muito custo me convenceram a por tudo fora!


18- Um poema que deixou perfume...

Vou aproveitar aqui e falar da poesia adulta, ao mesmo tempo em que trago o poema que deixou seu perfume em mim, pra sempre!

Como eu disse antes, e não lia poesia. Lia muito sim, e li muito romance, tudo o que o pai tinha em casa, li e reli. Menos poesia. (A sorte é que meu pai gostava de ler, frequentador fiel da Feira do Livro) Então eu lia o que me caía nas mãos, raramente fui comprar algo específico, falta de grana é karma!
Numa tarde tediosa, já tendo lido tudo o que tinha em casa, aos 15 aninhos, doente por leitura...me atrevi a abrir um livro de Cecília Meireles.
Era uma coletânea, literatura comentada, de toda sua obra...como tinha algumas prosas resolvi ler. Amei. E li os poemas! Pasma! Amei!

Eu andava numa fase movimentada, magistério, amigos, militância política, grêmio estudantil... E animada que só...empolgada com Cecília Meireles, resolvi decorar alguns poemas para declamar.
Não sei se declamei pra alguém mais além de minha mãe...kkk
Mas decorei alguns poemas da Cecília (que por sinal é o nome de minha filha, mas por coincidência, ou inconsciência? rsrsrs) e este poema foi o que mais me marcou, sei ele de cor até hoje e sempre que me pedem um poema lembro dele, inteirinho.
Dos meus, eu não lembro, nem os títulos! kkkkkkk

Do livro VIAGEM (1938)


CANÇÃO

Nunca eu tivera querido
dizer palavra tão louca
bateu-me o vento na boca,
e depois no teu ouvido.

Levou somente a palavra,
deixou ficar o sentido.

O sentido está guardado
no rosto com que te miro,
neste perdido suspiro
que te segue alucindado,
no meu sorriso suspenso
como um beijo malogrado.

Nunca ninguém viu ninguém
que o amor pusesse tão triste.
Essa tristeza não viste,
e eu sei que ela se vê bem...
Só se aquele mesmo vento
fechou teus olhos também...

Cecília Meireles


Lindo né? ai ...ai...


E foi o único livro de poesia adulta que li até pouco tempo atrás.


19- Desafio: Faça um poema agora - Felicidade se bebe com as mãos - Pode ser?

FELICIDADE SE BEBE COM AS MÃOS

Nas mãos que procuram o afago
tateio os sonhos, estímulos

Nas mãos que acariciam filhos
delineio o futuro, geração

Nas mãos que digitam loucas
clareio ideias, solidão

Nas mãos que tocam outras
esteio de amizades, capítulos

Nas mãos que cozinham
ateio o calor do amor

Nas mãos que louvam
semeio o fim da dor

Anorkinda


Ai Melinha, adorei fazer
rsrssrs


Agora uma perguntinha do BIRO:

20) Qual o estilo poético que mais te agrada?

Acho que queres saber o que mais me agrada escrever, né?

Quando estou escrevendo, adoro e sinto um prazer maior quando os versos vão se formando em tercetos. Não sei dizer pq, mas gosto!

E também os acrósticos são minha paixão, talvez porque foi a primeira ideia minha de escrever um livro, foi quando acumulei alguns acrósticos infanto-juvenis e pensei: - Isso dava um livro bem original. hehehe
Foi em 2002, talvez, mexi-me um pouco para tentar publicá-lo,mas engavetei a ideia.
Depois um tempão sem escrever, pensei que a poesia tinha ido embora de mim pra sempre.
Estes acrósticos estão inéditos até hj.

Me empolguei tanto com este Divã e sigo falando até o que não perguntaram...kkkkkk

..

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